O cenário do mercado de criptomoedas após a correção recente ainda é incerto para investidores. Segundo a Forbes, uma das publicações sobre finanças mais respeitadas do mundo, aponta que o “crypto fear and greed index” – literalmente “índice de medo e expectativa de lucro em relação ao bitcoin – caiu para 11, muito abaixo do resultado no início do ano, que marcava 90 pontos. Nesse ranking, 0 significa medo extremo, ao passo que 100 representa expectativa extrema.
De fato, nas últimas duas semanas, os investidores viram uma rápida queda de preços, que varreu mais de 50% do recorde histórico do bitcoin. O preço da criptomoeda havia chegado a US$ 65.000 por unidade em abril, caindo para pouco menos de US$ 30.000, antes de se recuperar ligeiramente.
O mercado vem despencando para níveis nunca vistos desde a queda induzida pelo coronavírus em março de 2020, quando o preço da criptomoeda chegou na casa dos US$ 4.000. Após ter, possivelmente, chegado no ‘fundo do poço’, compradores e investidores tentam permanecer otimistas que a recuperação esteja próxima.
O “crypto fear and greed index” é elaborado pela empresa alemã de comparação de software Alternative, como base em cálculos que consideram a volatilidade do mercado, o sentimento e as tendências da mídia social, e o domínio do bitcoin sobre o mercado. Seus resultados mais recentes apontam que “os investidores estão muito preocupados”, ao mesmo tempo que “poderia ser uma boa oportunidade de compra”.
Isso se explica quando consideramos que, apesar da queda do preço e do medo que dominou o mercado, traders mais experientes da comunidade da criptografia avaliam que essa correção é um “reequilíbrio saudável” e até necessário para que o mercado suba no longo prazo.
Anatoly Crachilov, executivo-chefe de gerência de investimentos Nickel Digital, lembra do “ganho de 122% do bitcoin desde o início do ano até abril”. Para ele, “As grandes quedas vistas esta semana, por um lado, são saudáveis, pois permitem ao mercado compensar o excesso de posições especulativas e se consolidar antes de sua próxima fase de expansão”.
Crachilov entende que esse padrão de queda e recuperação já ocorreu “em vários momentos e esperamos que continue até que o mercado amadureça e obtenha um envolvimento maior do capital institucional”. Nos últimos meses, a recuperação do preço do bitcoin foi parcialmente impulsionada pelo esperado surgimento de investidores institucionais. Isso deixou os compradores do setor otimistas, pois nem mesmo a última queda diminuiu o interesse de Wall Street pela criptomoeda.
Varit Bulakul, presidente do banco de investimentos e ativos digitais Brooker Group, faz uma avaliação parecida: “Vemos a atual volatilidade e especulação dos preços como uma correção de curto prazo de um mercado em expansão”. Ele também entende que “esta queda acentuada, resultado da queda livre do bitcoin, destaca a necessidade crítica de diversidade de ativos e de um portfólio de investimentos de sucesso. As empresas e fundos que investiram apenas em bitcoin agora precisam acalmar os acionistas e membros do conselho”.
A crença dos analistas que o preço do bitcoin vai reverter a atual tendência de queda é o histórico de quedas e recuperações anteriores. Eles lembram que, após o pico da criptomoeda no final de 2017, quando atingiu cerca de US$ 20.000, o preço do ativo digital perdeu quase 90% de seu valor no ano seguinte.