O NFT – abreviatura de non-fungible tokens ou ‘tokens não fungíveis’ – tem ganhado muito espaço na mídia recentemente e envolvido transações na casa dos milhões de dólares. Para entender esse conceito, precisamos lembrar que token é como um “símbolo” e fungibilidade, um atributo de bens adquiridos que podem ser substituídos por outros similares. Portanto, o NFT é um bem digital que não pode ser substituído, contendo dados que o tornam único.

Essa tecnologia, que existe desde 2012, vem criando uma “nova cultura” de autenticações digitais. Ainda está conquistando espaço e atraindo entusiastas da tecnologia, mas pode ser um mercado promissor.

A valorização dos NFTs nos últimos meses também tem gerado muita curiosidade das pessoas fora do mundo das criptomoedas sobre o futuro desse novo mercado. Por exemplo, o vídeo ‘Charlie Bit My Finger’, que viralizou alguns anos atrás, foi vendido como NFT por US$ 760.999 em leilão. Outra história curiosa é do artista digital Mike Winkelmann, mais conhecido como Beeple, vendeu por mais de US$ 69 milhões a obra NFT “Everydays — The First 5000 Days”, que compilava anos de seus desenhos diários em uma única colagem.

Grande parte do mercado atual de NFTs está centrado em itens colecionáveis, como arte digital, cartões de esportes e raridades. Talvez o espaço mais badalado seja o NBA Top Shot, um lugar para coletar momentos tokenizados não fungíveis da NBA em um cartão digital. Alguns desses cartões foram vendidos por milhões de dólares. Recentemente, o CEO do Twitter, Jack Dorsey, tuitou um link para uma versão tokenizada do primeiro tweet já escrito, onde escreveu “apenas configurando meu twttr”. A versão NFT da publicação pioneira no microblog teve um lance de US $ 2,5 milhões.

Porém, os NFTs são mais que uma oportunidade para alguém “negociar” um meme, uma música ou postagem em rede social. Quando se fala em “ativo digital”, refere-se a tudo que esteja no ciberespaço: fotos, vídeos, arte, músicas, aplicativos, cursos, domínios e por aí vai. Qualquer pessoa com acesso à internet pode facilmente baixá-los, copiá-los e compartilhá-los. Nesse contexto, o NFT se apresenta como uma garantia do direito à propriedade para seus criadores.

Compreendendo os NFTs

Cada NFT possui um código de identificação exclusivos de metadados que os distinguem uns dos outros. Por isso, o comprador tem propriedade de forma pública e transparente de manifestações artísticas digitais, intangíveis.

Semelhantemente ao dinheiro físico, as criptomoedas são fungíveis, podendo ser negociadas ou trocadas, uma por outra. Por exemplo, um Bitcoin é sempre igual em valor a outro Bitcoin. Essa característica de fungibilidade torna as criptomoedas adequadas para uso como um meio seguro de transação na economia digital.

Os NFTs mudaram o paradigma da criptografia, tornando cada token único e insubstituível, uma vez que é impossível um token não fungível ser igual a outro. Por isso essas representações virtuais de ativos são comparadas a ‘passaportes digitais’, pois cada token contém uma identidade única e intransferível para distingui-lo de outros tokens. Eles também são extensíveis, o que significa que pode-se combinar um NFT com outro para “gerar” um terceiro NFT exclusivo.

Assim como o Bitcoin, os NFTs contêm detalhes de propriedade para fácil identificação e transferência entre os detentores de tokens, presentes nos contratos inteligentes da transação. Os proprietários também podem adicionar metadados ou atributos pertencentes ao ativo em NFTs. Por exemplo, artistas podem assinar sua arte digital com sua própria assinatura nos metadados.

Os NFTs têm sido usados em negociações de capital privado, bem como negócios imobiliários. Uma das implicações de permitir vários tipos de tokens em um contrato inteligente é a capacidade de fornecer garantia para diferentes tipos de NFTs, de obras de arte a imóveis, em uma única transação financeira.
NFT e blockchain

Em linhas gerais, o NFT utiliza tecnologia blockchain para emitir um selo de autenticidade para ativos digitais. Com isso, os produtos recebem códigos únicos e inalteráveis, criando uma cadeia de informações descentralizada onde todas as transações de compra e venda são rastreáveis.

O uso de blockchain no registro dos ativos torna os tokens NFT imutáveis. Como o nome sugere, ser não-fungível tornaria os tokens eternos.

Mais conhecida por seu uso em serviços financeiros, foi a tecnologia de blockchain que abriu caminho para essa nova indústria artística. O princípio é que ele sirva como um livro público (contábil), fazendo o registro das transações de moeda. Nessa rede, os blocos sempre carregam uma espécie de impressão digital, então o bloco seguinte mantém a impressão do anterior, mais o seu próprio conteúdo. Unindo essas duas informações, gera sua própria impressão digital, algo que pode ser conferível por todos.

Grande parte da venda desses ativos é realizada pela Ethereum, a segunda criptomoeda mais famosa. A chave criptográfica dos produtos é armazenada no Blockchain Ethereum, fazendo com que seja possível fazer uma venda e receber o pagamento em criptomoedas.

Por que os tokens não fungíveis são importantes?

Os tokens não fungíveis são uma evolução em relação ao conceito relativamente simples de criptomoedas. Os sistemas financeiros modernos consistem em sistemas sofisticados de comércio e empréstimos para diferentes tipos de ativos, que vão desde imóveis a contratos de empréstimo e obras de arte. Ao permitir representações digitais de ativos físicos, os NFTs são um passo à frente na reinvenção dessa infraestrutura.

A ideia de representações digitais de ativos físicos não é nova, nem o uso de identificação única. No entanto, quando esses conceitos são combinados com os benefícios de um blockchain resistente à violação de contratos inteligentes, eles se tornam uma força potente para a mudança.

Talvez o benefício mais óbvio dos NFTs seja a eficiência do mercado. A conversão de um ativo físico em um digital agiliza processos e remove intermediários. NFTs que representam arte digital ou física em um blockchain removem a necessidade de agentes ou museus e permite que os artistas se conectem diretamente com o grande público.

Os tokens não fungíveis também são excelentes para gerenciamento de identidade. Imagine como são os passaportes físicos, que precisam ser verificados em cada ponto de entrada e saída. Ao converter passaportes individuais em NFTs, cada um com suas próprias características de identificação exclusivas, é possível agilizar os processos de entrada e saída das fronteiras. Expandindo essa perspectiva, os NFTs também podem ser usados para gerenciamento de identidade dentro do mundo digital.