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Um longo estudo realizado pelo banco americano Citi, intitulado “Future of Money – Crypto, CBDCs and 21st Century Cash”, faz uma análise detalhada do cenário do mercado das criptomoedas e, como o título indica: “o futuro do dinheiro”. A versão completa, em inglês, pode ser baixada AQUI.

O Citi – anteriormente chamado de Citibank – avalia as principais correntes para a digitalização do dinheiro. Além do cripto, aborda as moedas digitais emitidas pelos bancos centrais (CBDCs), e as comandadas por big techs como o Facebook.

Para vários analistas, o bitcoin e as altcoins estão se consolidando como um tema obrigatório no mercado financeiro. Já atraíram a adesão de grandes investidores, enquanto sofrem ataques de alguns governos, o que acaba apenas fortalecendo seu apelo como sistema econômico independente.

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“A corrida para o Dinheiro Digital 2.0 já começou. Alguns o classificam como uma nova corrida espacial ou Guerra Fria da Moeda Digital. Em nossa opinião, há muito espaço para o crescimento do bolo digital em geral”, diz um trecho do estudo do Citi.

A análise também enfatiza como que os bancos centrais passaram de uma fase de ceticismo e passaram para o engajamento com as moedas digitais. Ele apresenta do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) que dão maior clareza ao cenário.

O levantamento mais recente do BIS, apresentado no início do ano, mostra que 60% dos bancos centrais  já estão realizando experimentos ou provas de conceito nessa área. Para efeitos de comparação, em 2019 eram 42%.

Sessenta por cento dessas instituições estatais podem lançar uma moeda digital até 2027. Desses, 30% apostam na formalização desse plano nos próximos três anos.

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Nessa “guerra fria”, a China parece ter saído na frente dos seus pares. O gigante asiático começou a trabalhar em um yuan digital em 2014 e já tem um projeto-piloto nesse segmento. “Dado o impulso do país para se tornar uma sociedade sem dinheiro, esperamos uma adoção rápida do DCEP nos próximos cinco anos em relação a outros CBDCs. Enquanto isso, a produção de um sistema para euro digital está em andamento (esperamos anúncios iminentes do Banco Central da Europa) e os legisladores dos EUA também estão se aquecendo com a ideia de um dólar digital”, lembra o Citi.

Os testes com o yuan digital já começaram seis cidades e a expectativa é de que o número cresça rapidamente  ainda em 2021, incluindo as áreas rurais do país.

Rede social como base de usuários para cripto

Na avaliação do estudo do Citi, além do bitcoin, o grande potencial para a movimentação dos bancos centrais foi o projeto de moeda digital do Facebook. Anunciado, em meados de 2019 como o nome de Libra, não decolou. Foi reformulado neste ano, e relançado com o nome de Diem.

O projeto-piloto será feito ainda em 2021, podendo ser revolucionário, entende o Citi, especialmente pelo amplo alcance da rede social. Afinal, as empresas de Mark Zuckerber, que adquiriram Instagram e Whatsapp têm uma base de usuárias consolidada. O aplicativo de mensagens já trabalha com um sistema de pagamentos fiduciário nativo, disponível em vários países – inclusive no Brasil.

Conforme o relatório, o projeto do Facebook pode atuar como uma plataforma white label, capaz de fornecer uma infraestrutura, com maior capacidade de programação, para eventuais iniciativas de bancos centrais em todo o mundo. Somente o Facebook tem mais de 3 bilhões de usuários mensais, que podem ser atraídos para o mercado cripto. O banco, acredita que este é um cenário “difícil de ser replicado”.

“Enquanto stablecoins como o Diem aguardam a aprovação regulamentar, podem se beneficiar dos enormes efeitos de rede de seus patrocinadores da Big Tech. Na verdade, o Diem pode ser um formato de pagamento tokenizado eficaz dentro do universo do Facebook. É possível que outras grandes tecnologias possam seguir para o dinheiro tokenizado, mas por enquanto, poucos declararam essa ambição publicamente – e o alcance do usuário do Facebook é extenso e difícil de ser replicado”, diz o Citi.

Entre as análises que merecem destaque, o estudo do banco conclui que “Todas as transições têm implicações intencionais e não intencionais. O dinheiro tokenizado poderia desintermediar as instituições financeiras existentes, aumentar a volatilidade e o custo dos depósitos bancários e substituir as formas de pagamento atuais, como cheques e cartões”.

Além disso “Novas soluções de pagamento podem atrapalhar o mercado de pagamento, que já está lotado. Mas a criptografia e a custódia podem ser uma nova fonte de receita para instituições financeiras e os CBDCs podem resultar em uma implementação de política monetária e fiscal mais eficiente e direcionada”.