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Quando o preço do bitcoin cai no mundo todo, os analistas começam a destacar as causas prováveis. Parte de um ecossistema global, todas as ações do blockchain da criptomoeda estão integradas. Logo, se algo é modificado de maneira muito forte em algum país, toda a rede sentirá seus efeitos.

É por isso que decisões tomadas por mineradores na China, por exemplo, afetam os investidores da moeda digital no Brasil, que fica do outro lado do mundo. Com a perseguição do governo, que ordenou o fechamento de grandes fazendas de mineração em algumas regiões. Como resultado, empresas dedicadas à extração de novas moedas desligaram milhares de suas máquinas e criaram um clima de pessimismo sobre a manutenção dos pools, que são uma espécie de medidor da popularidade do bitcoin.

Para parte do mercado, se há menos gente dedicada à moeda digital, seu valor cai. Os números impressionam. O pesquisador Larry Cermak mostrou que a hash rate (taxa de produção) do Bitcoin em pools de mineração na China caiu até 97% desde 15 de maio.

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Segundo o estudo divulgado por ele, que avaliou 15 grandes pools chineses, a queda foi de 49,5% em média . O mais afetado foi o pool da 1THash, que passou de 7.0006 th/s para 218 th/s na quarta-feira (23), uma redução de 97%.

Conforme indicavam as notícias desta semana, a “grande migração” dos mineradores de bitcoin está bem encaminhada. Isso pode ser comprovada pela queda na taxa de hash total da rede.

Atualmente, o número de terahashes por segundo está no nível mais baixo dos últimos doze meses. Isso significa que minerar Bitcoin está mais fácil. Além disso, há menos competição. Portanto, é uma boa notícia para todas as outras mineradoras espalhadas pelo mundo. No entanto, isso não deve durar muito tempo. Algumas  empresas estão saindo da China e se mudando para o vizinho Cazaquistão, levando consigo toneladas e de equipamentos de mineração. Também há rumores de que equipamentos e pessoal foram alocados no Texas, que está fazendo um esforço para se tornar a capital mineradora de bitcoin nos Estados Unidos.

Um relatório divulgado pela rede de TV CNBC, a repressão na China se intensificou tanto que mais de 90% da capacidade de mineração de bitcoin da China teria sido fechada. Apesar de causar incertezas sobre a manutenção do sistema que mantém o bitcoin no topo da lista de criptomoedas, alguns especialistas consideram que, a médio prazo, isso será uma coisa boa.

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Estima-se que entre 60 e 70% da mineração de bitcoin ocorre em território chinês e as mudanças nesse sentido podem permitir o surgimento de novos centros de mineração, com países como El Salvador fazendo um esforço para atrair as grandes empresas, oferecendo energia barata.

Sim, a taxa de hash sofrerá por um tempo, mas haverá mais descentralização. Porém, a tendência diminuam as críticas ao consumo de energia movido a carvão. Mesmo que as fazendas de mineração da China estivessem localizados principalmente em áreas ricas em energia hidrelétrica (limpa), os críticos do bitcoin demonstram  dificuldade em acreditar nos relatórios sobre isso daquele lado do mundo.

 

Taxa total de hash (TH/s) da rede Bitcoin | Fonte: Blockchain.com/charts

Outra proibição da China e uma repetição de 2017

Vale lembrar que esta não é a primeira vez que a política de criptomoeda do governo chinês causou estragos no mercado. Em setembro de 2017, o partido comunista chinês baniu completamente as trocas de criptografia em seu território, tentando torná-la ilegal. Isso fechou muitas exchanges (bolsas), mas não inibiu que indivíduos continuassem possuindo e negociando os ativos digitais.

Na época, o site Bitcoinist relatou: “Embora as bolsas chinesas representassem mais de 90% do volume de negociação do bitcoin, isso mudou completamente com a intervenção do Partido Comunista da China, que exterminou a negociação de margem e levou à suspensão temporária dos saques”.

Essas mudanças contribuíram para a redução do volume de comércio da China, que viu sua participação de mercado cair para 3-5% do volume de comércio global. Historicamente, o governo chinês nunca mostrou misericórdia ao fechar negócios de bilhões de dólares por decreto.

Também é importante notar que a maioria das exchanges de criptomoedas acabaram fechando seus escritórios na China e mudaram suas operações para outros países. Algumas delas continuam funcionando até hoje e, para usuários que não estão na China, sua mudança de endereço não afetou em nada seus negócios.

O resultado, algum tempo depois, foi que o trade das criptomeodas de empresas financeiras de donos chineses encontrou abrigo em países com leis mais amigáveis. Algumas, inclusive, expandiram muito seu volume de negócios.

A situação atual com a mineração pode repetir essa tendência. A mudança de endereço das fazendas de mineração será concluída em pouco tempo e a taxa de hash será recuperada. Lucas Nuzzi da Bitcoin Magazine fez a seguinte avaliação: “a taxa de hash diária é, por design, uma métrica volátil. Ela não é adequada para rastrear mudanças duradouras no cenário da mineração.”

Uma análise nos preços do bitcoin nos últimos dias mostra que o impacto das medidas restritivas da China ajudaram a derrubar o preço, mas desde então, ele oscila bastante, tendo uma lenta recuperaçaõ.

 

Gráfico de preços BTC em 25/06/2021 – TradingView