Elon Musk apelidou a si mesmo de “DogFather”, um trocadinho da criptomoeda Dogecoin (DOGE) com Godfather, título original do premiado longa “O Poderoso Chefão”. Muitas vezes criticado por “interferir” nos preços das criptomoedas por causa de seu tuítes, Musk tem recebido nos últimos dias uma enxurrada de mensagens e memes no Twitter pedindo sua ajuda para estancar a sangria de preços.
O fato é que, em seis semanas, a Dogecoin perdeu 75% de seu valor, comparada com a máxima histórica de US$ 0,68053, alcançada em 8 de maio. Com o preço nas últimas 24 horas caindo 9%, segundo a tendência de queda do bitcoin, a cotação na manhã desta terça-feira (22) de cada DOGE é de US$0.16824. Convertida em reais, caiu de R$3,83 para R$ 0,9720 em 45 dias.
Questionada pelos analistas desde sempre, os preços da DOGE ficou por anos perto de zero até ser alçada a condição de queridinha de Elon Musk. Agora, milhares de pequenos investidores que embarcaram na onda da criptomoeda de meme estão pedindo que Elon Musk intervenha novamente e ajude o preço a subir.
Analistas destacaram que essa situação apenas reforça os perigos para os investidores seguirem as celebridades cegamente, já que o bilionário CEO da Tesla, usou suas redes sociais para atrair atenção mundial para o ativo que sempre foi categorizado de “piada”.
De fato, suas mensagem e memes sobre o DOGE influenciaram outras celebridades e grandes empresas, resultando em um efeito bola de neve após Musk apresentar o programa humorístico Saturday Night Live em 8 de junho, quando falou sobre o token inspirado no meme do cãozinho da raça japonesa Shiba Inu. Ele afirmou que compraria Dogecoin para sua mãe como presente de Dia das Mães. Isso fez com o que o volume de buscas sobre a criptomoeda ‘batesse seu recorde histórico de buscas no Google.
A coisa ficou mais séria quando a criptomoeda de meme entrou pra história ao ser listada no início deste mês na Coinbase, 3ª maior exchange do mundo. Muitos apostavam que ela logo chegaria à cobiçada meta de US$ 1. Nada mal para o token lançada por brincadeira oito anos atrás e que rendeu aos seus investidores 3.977.71% de lucro em um ano, segundo a exchange.
No entanto, a tendência se inverteu vigorosamente e o ativo começou a retroceder pesadamente e perdeu dois terços de seu valor desde a aparição de Musk no programa televisivo. Agora está perto de perder seu lugar entre os 10 maiores ativos digitais por capitalização de mercado, depois de ter alcançado o quarto lugar e ficar muito perto de ultrapassar a Binance Coin em maio.
As lições que ficam
Uma criptomoeda marcada por tantas surpresas em seu histórico, pode conseguir se recuperar, mas algumas lições dessa ascensão (e queda) meteórica ficam. Elon Musk pode ter sido o iniciador da DOGE-mania, mas o preço foi mantido principalmente pelo interesse dos pequenos investidores que já negociavam criptomoedas.
Há muito indícios que muita gente entrou para o mercado de criptomoedas somente para investir no “token do momento”, ignorando os avisos dos especialista sobre ela não ter uma rede de apoio consistente por trás e seus próprios criadores terem anunciado que haviam abandonado o projeto que prevê uma emissão infinita de tokens. Aparentemente, tudo que esses traders – tanto novos quanto velhos – queriam era lucrar com aumentos de preços de vários dígitos em poucos dias.
O Google mostra que a principal pergunta na ferramenta de buscas sobre o tema criptomoedas mudou de “devo investir em bitcoin ou ether?” para “onde comprar DOGE?”.
Agora, porém, é tudo diferente. O clima é de pessimismo e o assunto sumiu do Google Trends. O movimento de massa implorando que o bilionário tuíte algo positivo sobre a moeda de meme e eleve o preço não obteve resultado. Estranhamente, Musk está silencioso agora, limitando-se a comentar numa publicação de Ross Nicoll, um dos engenheiros de software que cuida do ecossistema Dogecoin sobre reduções de taxa nas negociações da moeda digital. “Essa é uma melhoria importante”, limitou-se a dizer o CEO da Tesla.
This is an important improvement
— Elon Musk (@elonmusk) June 22, 2021
Diante disso resta uma questão: “de quem é a culpa?”. Será do bilionário com incrível influência que pode impactar os mercados com um único tuíte ou de todas as pessoas que o seguiram cegamente sem gastar algum tempo fazendo suas próprias pesquisas sobre criptomoedas?
