Durante anos, os críticos do bitcoin acusaram a maior criptomoeda de ajudar a poluir o planeta. Mas novos dados da Universidade de Cambridge mostram que a geografia da mineração mudou drasticamente nos últimos seis meses.

Especialistas disseram à rede CNBC que a pegada de carbono do bitcoin já está melhorando. O grande êxodo de criptografia que ocorre na China desencadeou uma reação em cadeia no mundo da mineração. Por um lado, metade dos mineradores de bitcoin do mundo ficaram offline praticamente da noite para o dia. Menos pessoas minerando significa menos máquinas funcionando e menos energia sendo consumida, o que reduziu o impacto ambiental. As novas regras de criptografia de Pequim também retiraram permanentemente muitos equipamentos antigos e ineficientes do ar.

As grandes empresas de mineração que saíram do território chinês estão mudando para países com fontes de energia mais baratas em outras partes do planeta, como o Cazaquistão. Mas na maioria das vezes são se trata de energia renovável. “A rede bitcoin é implacável em sua busca pelo menor custo”, disse Mike Colyer, CEO da empresa de criptomoeda Foundry. “Mineradores de todo o mundo estão procurando energia ociosa que seja renovável. Essa sempre terá o menor custo. Esta será uma grande vitória para a pegada de carbono do bitcoin.”
Durante muito tempo a China responde por quase três quartos de todos os mineradores de bitcoin em seu auge, de acordo com o Centro de Finanças Alternativas da Universidade de Cambridge. Mas após o governo comunista de Pequim decidir expulsar os mineradores em maio, a taxa de hash – poder de computação coletivo dos mineiros em todo o mundo – caiu em 50%.
Atualmente, estima-se que o bitcoin consome cerca de 70 terawatts-hora de energia por ano, o equivalente a 0,33% da produção total de eletricidade do mundo. Isso é quase a metade dos índices de maio e equivale ao consumo anual de energia de países como Bangladesh e Chile.

A nova rede de bitcoins, segundo especialistas no tema, será composta cada vez mais por plataformas eficientes e com o dobro do ‘hashpower’ (poder de mineração) para a mesma demanda de eletricidade, melhorando significativamente a relação de consumo de energia.

Essa saída da China também significa que muitos equipamentos de mineração mais antigos e defasados, foram aposentados. Isso está forçando o surgimento de uma nova rede de mineração, com maior eficiência energética, explicou Alex Brammer, da Luxor Mining.

Colyer diz que a rede bitcoin em grande parte será composta principalmente de plataformas mais eficientes, que produzem o dobro do hashpower com a mesma quantidade de eletricidade. “Vemos uma melhora significativa na relação entre segurança e energia da rede bitcoin”, enfatiza.

Steve Barbour, fundador da Upstream Data, empresa que fabrica e fornece soluções portáteis de mineração para instalações de petróleo e gás, comemora. “O legal do bitcoin é um aspecto pouco apreciado por muitos opositores… sendo um mercado portátil, você pode levá-lo diretamente para a fonte de energia ”, explicou. Recentemente, algumas mineradoras estão comprando pequenas usinas nos EUA.

Como as grandes mineradoras competem em uma indústria de margem baixa, seu único custo variável é normalmente a energia. Por isso, elas são incentivadas a migrar para as fontes de energia mais baratas do mundo.

“Eles precisam reduzir constantemente seus custos de eletricidade, sua principal despesa, para serem competitivos”, disse Ria Bhutoria, ex-diretora de pesquisa da Fidelity Digital Assets.

Os dados da pesquisa mostram que muitos desses mineradores estão encontrando apoio e energia  mais baratas para se instalarem em alguns estados dos Estados Unidos. Nos últimos seis meses, o país saltou do quinto para o segundo lugar no ranking da mineração e agora responde por quase 17% da produção global de bitcoin.

Embora a China continue em primeiro lugar, com cerca de 46% de participação, a participação dos Estados Unidos no mercado vem crescendo desde maio. Operadores de mineração de bitcoin sediados nos EUA viram um grande aumento nos negócios. Whit Gibbs, CEO e fundador da Compass, um provedor de serviços de mineração de bitcoin, diz que as vendas de hardware e hospedagem no varejo aumentaram quase 300% desde meados de junho.

Estima-se que 500 mil plataformas de mineração chinesas devem ser levadas para os EUA, isso significa que a América do Norte será responsável por 40% de todo a ‘taxa de hash’ global de mineração até o fim de 2022.