Você certamente já ouviu falar de tokens não fungíveis, ou NFT como são chamados em inglês. Recentemente, eles ganharam destaque na imprensa, sendo ligados ao mundo dos games, da arte e da música. De fato, vendas milionárias já foram feitas usando a tecnologia, mas ela são o “novo bitcoin”?

Na verdade, existe um pouco de confusão sobre isso pois os NFTs utilizam a tecnologia blockchain, a mesma do bitcoin (e das outras criptomoedas), que registra as transações e garante aos seus detentores a posse daquilo que adquiriram. Em outras palavras, esse tipo de token atua como um certificado digital  de autenticidade, servindo para comprovar a originalidade de qualquer coisa no meio eletrônico.

Alguns analistas, como André Franco, especialista em criptoativos, os NFT possuem enorme potencial de retorno para o investidor. Ele acredita que essa classe de token possui um potencial para ser uma nova opção de investimento, com grandes chances de valorização rápida.

André lembra que o potencial dos NFTs não está restrito aos produtos digitais, oferecendo a possibilidade de revolucionar o mercado de autenticidade e exclusividade digital. Claro, é preciso esclarecer que os NFTs não são um tipo de criptomoeda, produzidos em série. Seu valor está justamente na exclusividade.

Conforme destacado anteriormente, tanto criptografia quanto NFTs têm um registro digital armazenado em um blockchain. Porém, no caso dos NFTs, cada token tem um valor exclusivo e não pode ser trocado por outro de igual valor. Já no caso das criptomoedas, o valor e a transparência são mais óbvios. É possível trocar uma pela outra, pois têm valor igual

Com usar os NFTs?

Existem muitas possibilidade de uso para NFTs. Logo que foram lançadas, sua venda oferecia lucros  significativos para o artista. Obras de arte digitais, em formato de NFTs, estão sendo vendidas por milhões de dólares.

Também fazem sucesso no esporte. A NBA Top Shot, lançada pela liga de basquete dos EUA, lançou colecionáveis em sua plataforma baseada em blockchain e já processou milhões de transações. Estima-se que a empresa responsável por ela, a Dapper Labs, com apenas três anos está avaliada em US$ 2,6 bilhões.

No Brasil, ainda está incipiente, mas já desembarcou por aqui, com a plataforma do Socios.com lançando fan tokens do Atlético Mineiro, semelhante ao que estão disponíveis para a torcida de grandes times da Europa, como Barcelona e Juventus.

Boom na pandemia

As opções de uso dos NFTs ainda estão sendo exploradas, mas já atraem muitos investidores. Na verdade, a tecnologia existe desde meados da década de 2010, de acordo com o New York Times, mas passou a ser explorada, de fato, nos últimos meses.

Um dos principais elementos para sue aumento de popularidade é a pandemia causada pela Covid-19. Alguns produtores de conteúdo digital viram nos NFTs uma boa opção de receita, já que estavam perdendo muito dinheiro em consequência da crise econômica gerada pelo novo coronavírus.

No ano passado, o mercado de NFT atingiu a avaliação de mais de US $ 250 milhões, apontou o NFT Report 2020. Ao mesmo tempo, ocorreu um boom no mercado da criptografia, várias moedas digitais atingindo máximas históricas.

A maioria dos analistas apostam que teremos um crescimento do NFT nos próximos anos. A principal razão para isso é que os NFTs garantem exclusividade, acesso a algo que ninguém, em teoria, poderia replicar sem a decisão ativa do proprietário.

É hora de comprar?

Atualmente, qualquer pintura, cards esportivos, vídeos engraçados e outras obras semelhantes podem ser facilmente copiadas. Mas numa era de acesso fácil e quase ilimitado a tudo isso, os NFTs fornecem propriedade exclusiva e verdadeira, o que é atraente para muitos. Além disso, à medida que o uso de blockchain se populariza como maneira de ter prova de propriedade, é provável que os NFTs continuem se multiplicando.

Por fim, parece evidente que qualquer coisa que utilize criptografia são associadas à nova “revolução digital” celebrada pelo mercado. NFTs são, em certo sentido, apenas outra classe de ativos digitais que dá suporte ao crescimento do câmbio baseado em blockchain.

Para os investidores que buscam exposição à classe de ativos, seja por meio de fundos administrados ou das próprias NFTs individuais, é preciso ter em mente que sempre existem riscos. Afinal, como qualquer obra de arte, os negócios envolvendo NFTs dependem da atribuição de valor que, convenhamos, é bastante subjetiva.

Conforme André Franco, “quanto mais pessoas estiverem utilizando sua rede para os NFTs, mais sua cotação deve subir nos próximos meses”. Claro, é difícil imaginar que todo mundo terá 69 milhões de dólares para comprar obras como “Everydays – The First 5000 Days”, do artista Beeple, o NFT mais caro da história. Contudo, já existem opções bem acessáveis, custando apenas alguns dólares. Com o tempo, quem sabe, elas podem ter uma supervalorização. Afinal, em 2009 ninguém tinha ideia do quanto um bitcoin poderia valer no futuro.