O mercado de tokens não fungíveis (NFTs) atingiu US $ 2,5 bilhões em vendas na primeira metade deste ano, um crescimento de cerca de 2000% em comparação com apenas US $ 13,7 milhões no primeiro semestre de 2020. As informações são da agência Reuters..
Um NFT é um ativo criptográfico, representando um item digital intangível, que pode ser em formato de imagem, vídeo ou item de um game. Os proprietários de NFTs são registrados em blockchain, permitindo que a peça criptográfica seja negociada e vista como investimento. Alguns entusiastas os veem como itens colecionáveis que possuem alto valor intrínseco por causa de seu significado cultural. Esse padrão de tecnologia já existe há mais de 10 anos, mas o novo mercado começou a se firmar cem 2018, embora só tenha se popularizado este ano
Os NFTs explodiram em popularidade no início deste ano. Os volumes de vendas mensais no OpenSea, um importante mercado de desse tipo de token, atingiram uma alta recorde em junho. O volume de compras está entre 10.000 e 20.000 por semana desde março, superando o número de novas peças colocadas à venda, de acordo com NonFungible.com, que agrega transações NFT no blockchain ethereum.
As estimativas do volume total de vendas variam dependendo de quais transações NFT são consideradas.
A DappRadar, que rastreia as vendas em vários blockchains, disse que os volumes atingiram pouco menos de US $ 2,5 bilhões no primeiro semestre de 2021. Mas o número da NonFungible.com é de US $ 1,3 bilhão, excluindo cerca de US $ 8 bilhões de NFTs de “DeFi” (finanças descentralizadas).
Uma das diferenças na contagem é porque algumas das maiores vendas de NFT, como aquelas feitas por casas de leilão, têm parte da transação ocorrendo “fora da cadeia”, o que significa que os dados devem ser adicionadas manualmente posteriormente. Seja como for, os números demonstram que há um apetite pela novidade e uma demanda crescente.
Subindo e descendo
Outro passo importante para o amadurecimento foi a decisão da Binance, maior plataforma de negociação de criptomoedas do mundo, em lançar o Binance NFT Marketplace. Desde junho a exchange faz leilões de obras digitalizadas como “Três Auto-Retratos”, de Andy Warhol, e a “Divina Comédia: recriada”, de Salvador Dali.
Em março, uma imagem digital em NFT foi vendida por um recorde de US$ 69,3 milhões na famosa Christie’s. Nenhuma outra venda NFT foi fechada desde então. A segunda venda NFT mais cara conhecida foi um “CryptoPunk”, que arrecadou US $ 11,8 milhões na Sotheby’s.
A coleção Bored Ape Yacht Club, que reúne um conjunto de 10.000 NFTs digitais exclusivos com figuras de macaco, tornou-se um sucesso entre os colecionadores. Em média, cada macaco foi vendido no OpenSea em 1º de julho por US $ 3.600, um aumento de 1.574% em relação ao preço de lançamento de US $ 215 em abril. As vendas totais saltaram para US $ 61 milhões, de acordo com os criadores do clube, o Yuga Labs, dos Estados Unidos.
Cenário no Brasil
O mercado de criptografia no Brasil ainda não está amadurecido, mas os NFTs já chegaram por aqui. O comunicador digital Felipe Neto associou-se ao ex-diretor da TV Globo, João Pedro Paes Leme, para formar a Play9. No final de junho eles lançaram a plataforma 9Block, vendendo inicialmente artes digitais relacionadas ao youtuber.
Em apenas duas horas os NFTs mais caros de Felipe Neto se esgotaram. “As artes mais raras custavam R$ 500, isso é ‘ticket médio’ de investidor”, explica Leme, contando que 39 pessoas ficaram com os 50 NFTs disponíveis. A plataforma tem opções mais baratas, a partir de R$ 100.
Empreendedor de sucesso, Felipe Neto pretende ajudar a popularizar o mercado de NFTs no Brasil. Mas ele quer fazer isso “com muita responsabilidade, mostrando que isso é um negócio sério e voltado para o público adulto”.
A 9Block acredita que há muito espaço para crescimento e vai investir na produção de NFTs com temáticas diversas. “Nas próximas coleções teremos muitos influenciadores, na maior parte nativos digitais, do Instagram, TikTok”, conta, além de “muitos artistas gráficos que têm dificuldade em expor suas obras e vender em outros tipos de plataformas”.
A remuneração da plataforma virá de um percentual cobrado pela negociação das obras. As peças podem ser adquiridas com cartão de crédito, Paypal, além das criptomoedas bitcoin, litcoin e ether.
Outra a novidade do mercado são os NFTs de ingressos vitalícios. O coletivo Atroá, que reúne os organizadores dos festivais de música brasileira Bananada (GO), Coquetel Molotov (PE) e DoSol (RN), lançaram um CryptoPass em parceria com o site Phonogram.me.
Apesar de os grandes eventos estarem proibidos por causa da pandemia, a expectativa é que eles voltam a acontecer no ano que vem. De forma experimental, o Atroá promoveu um leilão de 100 NFTs que dão acesso vitalício aos shows promovidos por eles. As peças têm um lance mínimo de 1500 reais.
Além disso, ofertaram um CryptoPass especial, que vem acompanhado de uma obra de arte em 3D criada pelo coletivo Rosabege, com trilha sonora composta por Benke Ferraz e Anderson Foca, juntamente com os cartazes criados pelos artistas visuais Maria Eugênia Franco e Caio Vitoriano. O NFT coletivo foi a leilão e saiu por 10 mil reais. Os organizadores dizem que seu dono já recebeu oferta de 60 mil reais para ser revendido.
Como tudo no ambiente criptográfico, para evitar cair em golpes, a recomendação sempre é buscar informação antes de investir. A alta volatiliade é a norma e num mercado novo como esse é preciso cuidado redobrado para quem pensa apenas em obter lucros.
Enquanto muitos tipos de NFT decolam, outros têm dificuldade em se manter no topo .
A série “Top Shot”, lançada pela liga de basquete NBA, que oferece aos fãs de esportes a oportunidade de comprar e negociar NFTs de vídeos com momentos de destaques do jogo, ajudou a popularizar a modalidade entre pessoas de fora do mundo da criptografia. Apesar de um bom início, viu os números de compradores caírem para 246.000 em junho, ante 403.000 em março. O preço médio de um “momento” Top Shot atingiu o pico de US $ 182 em fevereiro, mas caiu para US $ 27 em junho.