Quando o movo token “Magacoin” foi apresentado ao público este mês, colocou-se como uma homenagem ao ex-presidente Donald Trump e o material promocional diz que se trata da “moeda digital para a comunidade MAGA”. As quatro letras são uma abreviação do lema de campanha do bilionário “Make America Great Again”, ou “Faça a América ser Grande de Novo”.
O site da criptomoeda diz que os seus desenvolvedores doaram 10 milhões de Magacoins para um fundo que apoiará ‘candidatos conservadores’ em todo o país. Até o momento, mais de 1.000 pessoas já se inscreveram para comprar a criptomoeda pró-Trump, incluindo personalidades da mídia conservadora e figuras políticas do partido Republicano.
Uma falha na configuração de segurança num dos sites que promovem o token (que já foi corrigida) expôs os endereços de e-mail, senhas, endereços de carteira de criptomoedas e endereços IP de usuários que a compraram. Chama a atenção o vazamento da informação que a maior parte da criptomoeda gerada, até agora, cerca de 12 milhões, foi alocada para o criador do magacoin, um político trumpista conhecido. Trata-se de Reilly O’Neal, diretor da empresa sediada na Carolina do Norte que leva o nome de Magacoin Inc, com data de fundação em abril passado.
Curiosamente, o site oficial diz que a criptomoeda foi criada “por frustração com a perda da eleição e um desejo de revidar apoiando os candidatos MAGA”. O token é apresentado como uma “arma” das pessoas “que lutam pelos direitos individuais, liberdade religiosa, proteção dos nascituros, liberdade de expressão e toda a Agenda America First ”.
Não haverá Oferta Inicial de Moeda (ICO), optando por distribuir 100 magacoins para todos que se inscreverem no site. A quantidade total será de 75 milhões de tokens e este número foi escolhido para representar “os 75 milhões de eleitores que foram privados de direitos em 3 de novembro de 2020”.
Se você for um influenciador e ajudar a divulgar a moeda digital pode ganhar mais 1.000 magacoins gratuitamente, basta se inscrever no programa dos “embaixadores”, reservado para apresentadores de rádio, personalidades da mídia, blogueiros conservadores. Contudo, o prêmio depende de uma aprovação dos criadores.
Por enquanto o token ainda não é comercializado nas exchanges, por isso não tem preço atribuído, mas os interessados podem baixar o software aqui e minerar em computadores caseiros. Segundo o site, 50.500.000 moedas digitais podem ser mineradas, a recompensa por bloco extraído da blockchain é de 120 moedas, com um novo bloco sendo gerado a cada 10 minutos.
A promessa dos seus criadores é que a criptomoeda irá “criar um ecossistema onde indivíduos pró-Trump podem apoiar empresas pró-Trump e candidatos sem usar um instrumento financeiro que beneficie os globalistas”. Ou seja, o token poderia ser usado para bancar campanhas políticas nos próximos anos.
Pode ser que ela não tenha futuro, mas O’Neal, que parece ser o principal responsável pelo projeto, tem conhecimento no assunto. Ele tem um escritório de consultoria política chamado Tidewater Strategies. Registros públicos mostram que a empresa realizou várias campanhas políticas da Carolina do Norte e nacionais.
Trump e as criptomoedas
Criptomoedas são criadas pelos mais diversos motivos, mas no caso da Magacoin o foco parece ser apenas uma questão política, mas o grande “homenageado” tem um histórico de se opor às criptomoedas.
Em 2019, quando ainda era presidente, Trump criticou as criptomoedas usando sua conta no Twitter, de onde está banido. “Não sou fã do bitcoin e das criptomoedas, pois não são dinheiro e seu valor é altamente volátil, lastreado em nada. Criptoativos sem regulação podem facilitar o comportamento criminoso, incluindo o tráfico de drogas e outras atividades ilegais”, tuitou.
Já em junho de 2021, em entrevista a Stu Varney, da Fox Business, Trump voltou a expressar sua visão negativa sobre o bitcoin (BTC), afirmando que “parece ser um esquema de fraude”.
“Eu não gosto [de bitcoin] porque é apenas outra moeda competindo contra o dólar. Eu quero que o dólar seja a moeda do mundo. É isso o que eu sempre digo”, enfatizou.