Quem está iniciando no mercado de criptomoedas já deve ter visto muitas vezes referências a animais e pode ter ficado confuso. Termos como “urso”, “touro”, “baleia” e “tubarão” são bastante comuns nos mercados de ações convencionais, como a Ibovespa e a Nasdaq, por exemplo.
Essas e outras expressões foram adotadas pelos traders de criptomoedas. Abaixo, vamos ver o que significam essas expressões que remetem a animais.
Urso
Essa é uma maneira comum para se referir a um período de baixa ou de quedas de preços prolongadas. Nessas ocasiões, os lucros serão muito baixos, pois a grande maioria dos investidores está insegura e vendendo.
Diz-se que a associação remete à maneira com um urso ataca, movendo as patas para baixo. “Urso”, em inglês, é uma expressão emprestada de Wall Street pela comunidade das criptomoedas e diz respeito a investidores ou operadores que acreditam que uma determinada moeda digital ou um certo mercado, que está ruim, se reverterá e pode ter alta de cotação em breve e, por isso, mantêm seus ativos enquanto aguardam.
No mercado de ações, bearish ou Bear Market (“mercado do urso”), é utilizado quando os preços dos títulos caem, juntamente com as expectativas dos investidores. Já no mercado de criptomoedas, essa tendência também é vista como uma oportunidade de compra.
“Mercado de urso” normalmente descreve uma condição em que os preços dos títulos caem 20% ou mais em relação às altas recentes, em meio a um pessimismo generalizado e sentimento negativo do investidor. Também chamado de “mercados baixistas” eles podem acompanhar notícias econômicas negativas, como uma recessão ou aumento na taxa de desemprego.
Esses mercados de baixa podem ser cíclicos ou de longo prazo. Por vezes podem ser consequência de um comportamento do rebanho, quando o medo e a pressa para não ter mais perdas podem levar a períodos de preços muito baixos.
Outra característica de um mercado de baixa é quando os investidores estão mais avessos ao risco. Esse tipo de mercado pode durar enquanto os investidores evitam a especulação em favor de apostas mais “seguras”.
As causas de um “mercado de urso” costumam variar, mas, em geral, denotam uma queda na confiança do investidor. Quando os investidores acreditam que algo negativo está para acontecer, eles vendem seus ativos para evitar perdas maiores.
As ondas baixistas podem ser cíclicas e geralmente têm quatro fases diferentes:
- A primeira fase é caracterizada por preços altos e sentimento otimista do investidor. No final dessa fase, os investidores começam a sair dos mercados e colher seus lucros.
- Na segunda fase, os preços dos ativos começam a cair fortemente, por diferentes motivos, podendo incluir indicadores macroeconômicos, e começam a ficar abaixo da média. Alguns investidores começam a entrar em pânico à medida que a confiança começa a cair. Isso é conhecido como capitulação.
- A terceira fase mostra que os especuladores começam a entrar no mercado, consequentemente aumentando alguns preços e volume de negócios
- Na quarta e última fase, os preços dos ativos continuam caindo, mas lentamente. À medida que os preços baixos e as boas notícias começam a atrair investidores novamente, os mercados baixistas começam a ser substituídos por lenta tendências de alta.
Em um período de baixas prolongadas pode ocorrer o que se chama de rally, um momento dentro do “mercado de urso”, em que as ações voltam a se valorizar, mas em um curto espaço de tempo. Logo em seguida os preços voltam a cair.
Esse rally se configura quando de 10 a 20 por cento do mercado constata aumento. Por isso, pode-se concluir que o “mercado de urso” tem como características:
• Início logo após um período de alta (mercado de touro).
• Ciclo de baixa dos ativos.
• Desvalorização prolongada dos ativos.
• Indicadores de desempenho negativos.
• Clima de pessimismo.
Touro
No mercado de ações, bullish ou “Bull Market” (“mercado de touro”), é usado para descrever uma tendência de alta. Geralmente ocorre quando a expectativa dos investidores está otimista e a alta de preços estimulam mais compras. É o extremo oposto do “mercado de urso”.
Diz-se que a associação com tendência de alta remete à maneira com um touro ataca, movendo os chifres para cima. Não por acaso, o símbolo de Wall Street é um touro em posição de ataque, passando a ideia de um mercado cheio de otimismo.
Os mercados em alta são caracterizados por otimismo, confiança dos investidores e expectativas que os resultados positivos continuem por um longo período. Opiniões de especialistas e especulação às vezes podem desempenhar um grande papel nos mercados.
Não existe uma métrica específica e universal usada para identificar um mercado em alta. Como os “mercados de touro” são difíceis de prever, os analistas normalmente só conseguem reconhecer esse fenômeno depois que ele acontece.
Os mercados em alta geralmente ocorrem quando a economia está se fortalecendo ou já está forte. O clima de otimismo pode vir de decisões políticas ou da divulgação de indicadores econômicos positivos, como um forte produto interno bruto (PIB) ou uma queda no desemprego. Isso geralmente afeta o mercado de ações e pode influenciar também as criptomoedas.
Mais especificamente, no mercado cripto o anúncio de melhorias nas blockchains ou uma grande queima de ativos, que colabora para a raridade de determinados tokens, também são fatores de influência.
A confiança dos investidores tende a subir durante um período de alta do mercado. Os investidores estarão ansiosos para comprar mais, enquanto poucos estarão dispostos a vender.
Um crescimento rápido nos preços de um determinado ativo é chamado de “bull run” ou “corrida de touro”, e não atinge todo o mercado. A duração dessa “corrida” pode variar, mas geralmente dura alguns dias ou semanas.
As causas de uma corrida de touros também podem variar. Os preços podem subir ao longo de um longo período de tempo impulsionados por fatores como otimismo e confiança por parte dos investidores.
O valor do mercado de criptomoedas como um todo experimentou um rápido aumento desde o início de 2020, quando todas as moedas em circulação valiam cerca de US$ 185 bilhões, de acordo com dados da CoinMarketCap. Em meados de maio de 2021, esse número, conhecido como valor de mercado, havia subido para mais de US$ 2,5 trilhões.
Baleia
O termo “baleia” é empregado para descrever pessoas/investidores que têm uma fortuna e investiu uma grande soma de dinheiro em uma ou em várias criptomoedas. Normalmente as baleias costumam agir no anonimato, comprando uma grande quantidade de ativos de uma vez só.
Elas investem no volume e assim que o mercado reage, com sinais de alta, muitas baleias vendem todas suas moedas, ganhando duas, três ou até vezes o valor investido inicialmente.
O impacto das decisões de compra ou venda das baleias é sempre muito grande. Elas podem manipular o mercado para maximizar seus lucros de muitas maneiras. Um bom exemplo é a queda rápida de alguma moeda em um curto período de tempo. Isso pode despertar a atenção das baleias que obtêm aquela criptografia a um valor mais baixo, mas em volumes maiores.
Sempre é uma boa pedida observar como estão agindo as baleias. Monitorar sua atividade e acompanhar as tendências pode ajudar a evitar perdas ou apontar para momentos de lucratividade.
As “baleias” pode mudar o preço fazendo algum movimento que causa impacto no mercado. Se querem vender um grande número de criptomoedas em pouco tempo, precisam encontrar compradores. Na maioria das vezes, são necessários centenas de investidores que aceitem parar um preço determinado por aqueles ativos digitais. Quando elas anunciam uma grande ordem de venda, o chamado “vender parede”, podem conseguir bloquear o aumento de preços por um certo tempo. Por outro lado, quando decidem fazer uma compra grande, conseguem abocanhar grandes quantidades de moedas digitais, o que também pode o preço.
Pode-se classificar como “baleias” fundos como Binary Financial, Bitcoin Investment Fund, Bitcoins Reserve, Coin Capital Partners, Pantera Capital, Falcon Global Capital, Fortress, Bitcoin Investment Trust, Global Advisors Bitcoin, Investment Fund, etc. Esse são alguns players que podem influenciar o mercado com muita rapidez, após a decisão de comprar ou vender.
Existe uma “tabela” de influência no mercado, com variantes de animais marinhos, popular em fóruns de criptomoedas. O site especializado Glassnode chegou a fazer um cálculo de quantas são essas variações e o que elas representam no mercado.
Se alguém possui menos de um bitcoin, está no fundo da cadeia alimentar subaquática, sendo um humilde “camarão”. Se possui entre 1 e 10 BTCs, o investidor é conhecido como “caranguejo”. Os “polvos” seguram em seus muitos braços entre 10 e 50 bitcoins, enquanto se considera um “peixe” quem possui entre 50 e 100 BTCs.
Subindo na cadeia alimentar, é preciso algo entre 100-500 bitcoins para alcançar o status de “golfinho”. As coisas começam realmente a ficar sérias quando se chega à faixa de 500-1.000, tornando-se um “tubarão”.
Acima disso está o ápice: o status da baleia. Mas acontece até entre as baleias há uma hierarquia. Para dominar verdadeiramente os mares, você precisará de mais de 5.000 bitcoins, o que garante o status de “baleia jubarte”.
Para efeitos de comparação, os camarões possuem, coletivamente, menos de 5% da participação total do bitcoin, enquanto as baleias possuem quase um terço de todo o bitcoin extraído, com as jubartes controlando cerca de 40% disso.
Fonte: Glassnode.com
Tubarão
Geralmente, o termo “baleia” se aplica para descrever fundos de investimento, bancos e outros grandes corporações.
Já “tubarão” é como são chamados investidores individuais com muito dinheiro.
Ao contrário das baleias que preferem ficar no anonimato, os tubarões costumam usar sua influência para tentar manipular o mercado ao seu favor. Isso se deve pelo comportamento associado ao tubarão no mar, de imposição e domínio sobre o território.
Como o predador marinho, o tubarão no mercado quer mostrar quem comanda, dita as regras.
Esses grandes investidores têm influência sobre os rumos das bolsas de valores e agem com grandes movimentações financeiras, normalmente com estratégias arrojadas e agressivas.
Algumas características dos tubarões do mercado cripto:
- montam seus portfólios de forma racional, buscando geralmente os projetos mais tradicionais, consolidados e lucrativos;
- raramente se desfazem de suas criptomoedas. Com visão de longo prazo, buscam ter ganhos sólidos;
- geralmente apostam em empresas sólidas e com boa reputação, evitando riscos desnecessários;
- não se deixam influenciar pelas notícias, boatos ou ‘tendência’ do momento, pois sempre focam nos fundamentos importantes;
- fazem mais compras quando o mercado despenca.