Listas sempre são limitadoras e, por muitas vezes serem subjetivas, dão a sensação de injustiça. Mesmo assim, povoam diferentes publicações em todo o mundo e chamam atenção para alguns players do mercado de criptmoedas que têm um perfil mais discreto. Como tudo no ecossistema da criptografia, o poder dessas influências pode subir ou descer rapidamente.
O site especializado Modern Consensus ofereceu um apanhado dos 100 nomes mais influentes em 2021, num momento em que algumas grandes corporações e bancos globais sinalizam que estão entrando de vez nesse mercado. Ao mesmo tempo, bancos centrais de diversas nações tomam decisões que podem mexer com o futuro dos ativos digitais. Enquanto a China tenta coibir a mineração em seu território, visando fortalecer o yuan digital, que deve ser lançado em breve, El Salvador adota o bitcoin como moeda corrente. É só uma prova do quão diferentes são os caminhos que podem ser percorridos daqui pra frente.
Em tempos de pandemia e com muita insegurança sobre o cenário econômico mundial nos próximos meses, falar de pessoas influentes não significa, necessariamente, falar das pessoas (ou corporações) mais ricas.
Empresas tradicionais como Tesla, Square e a seguradora Mass Mutual seguiram a MicroStrategy ao despejar centenas de milhões, senão bilhões de dólares em Bitcoin. Alguns empresário conhecidos, que tiveram sucesso em outras áreas, agora voltam seus olhos para o mercado cripto.
Para quem tem interesse no mundo da criptografia, é bom se familiarizar com muitos desses nomes, dada sua influência. Separamos o Top 10 da lista da Modern Consensus e fazemos uma “menção honrosa”.
Vitalik Buterin, cofundador do Ethereum
Aos 25, o programador russo-canadense Vitalik Buterin está prestes a se tornar bilionário. Envolvido na comunidade de criptoativos desde 2011, o jovem escrevia artigos para uma revista de Bitcoin. No final de 2013, ele argumentou que o bitcoin precisava de uma linguagem de script para desenvolvimento de aplicativos. Quando não conseguiu encontrar apoio para as mudanças propostas, desenvolveu uma nova plataforma com uma linguagem de script mais generalizada, que batizou de Ethereum e cuja moeda proprietária é o ETH.
Com o Ethereum mostrando mais consistência no mercado este ano, seu rápido crescimento mostrou que a necessidade do Ethereum 2.0 é maior do que nunca. Mudar o blockchain nº 2 do mundo de seu atual modelo de consenso de prova de trabalho (PoW) para a prova de aposta (PoS) mais rápida e mais eficiente em termos de energia é a grande aposta do momento.
Em especial por causa do crescimento explosivo das finanças descentralizadas, ou DeFi, projetos que oferecem protocolos de blockchain concorrentes a oportunidade de perseguir seus projetos DeFi. O ETH 2.0 está constantemente sendo adiado, mas a expectativa de seu lançamento é acompanhada pelas possibilidades de transformar o mercado cripto, oferecendo maior velocidade e taxas menores.
Além isso, o ETH está está na faixa dos US$ 2.500 atualmente – e seus vários tokens ERC ainda dominam os contratos inteligentes e DeFi. O que significa que os chamados “matadores de Ethereum” como Algorand, Binance Smart Chain, Cardano e Polkadot têm um trabalho difícil para eles.
Mu Changchun, chefe do Instituto de Pesquisa de Moeda Digital do
Há anos, a promessa de um yuan digital tem ficado cada vez mais próxima de tornar-se realidade, enquanto a China toma medidas para coibir a mineração e o comércio de crptomoedas em seu território. Há registros que o governo chinês, prestes a ser responsável pela maior economia do mundo recebeu instruções do presidente Xi Jinping que os chineses se tornasse líder mundial em blockchain, desde que tudo fosse controlado pelo estado.
O yuan digital, emitido pelo Banco Popular da China, pode ser a grande história de 2021. No centro dessa operação está Mu Changchun, que dirige o Instituto de Pesquisa de Moeda Digital do Banco Popular da China, o banco central deles. Desde 2019, ele tem dadro detalhes sobre o que o mundo deve esperar, com destaque para o “anonimato controlável” das operações de cripto.
Mu tem muito poder. Existem uma ideia recorrente que o yuan digital pode ser usado como uma arma para a desdolarização – enfraquecendo a influência geopolítica dos EUA – e pode acelerar o abandono das ultrapsssadas notas de papel.
Também mostra que ele poderia tomar o lugar do WeChat Pay e o Alipay, que juntos controlam 94% do mercado de pagamentos chinês. O Wechat é uma rede social que se mostra anos-luz na frente do Facebook, que continua adiando indefinidamente seu projeto de moeda digital Diem (anteriormente chamado de Libra) e o sistema do Ali é o mesmo da gigante de comércio online Alibaba e AliExpress.
Embora tecnicamente, o sand dollar das Bahamas é a primeira moeda digital de Banco Central (CBDC), ela não teve impacto global. Mas a emissão desse tipo de ativo pela China mudará drasticamente o cenário.
Gary Gensler, presidente da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA
A notícia de que Gary Gensler deixou de ser um professor que ensinava sobre blockchain e ativos digitais no renomado Massachusetts Institute of Technology (MIT) para assumir a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (Securities and Exchange ou SEC) foi recebida com alegria pelo mundo das criptomoedas.
Depois de anos de ceticismo com o Bitcoin, a SEC não ofereceu muitas orientações regulatória claras ao entrar com ações judiciais que minaram grandes projetos como o TON do Telegram e agora ameaçam Ripple. Agora a situação nos EUA muda drasticamente, podendo influenciar muitos outros países.
Não há dúvida de que Gensler entenda de blockchain e criptomoeda melhor do que qualquer pessoa dentro do governo dos EUA, e que diretrizes regulatórias claras sobre o que é – e o que não é – um título estarão disponíveis. Espera-se também a aprovação de produtos como os fundos negociados em bolsa (Exchange Traded Funds ou ETFs) de Bitcoin.
Changpeng “CZ” Zhao, CEO da Binance
Não satisfeita em administrar a maior bolsa de criptomoedas do mundo, a empresa de CZ lançou a Binance Smart Chain focada em contratos inteligentes, que está se tornando cada vez mais forte com a popularização das Finanças Descentralizas (DeFi).
Ele roda em paralelo ao Binance Chain, construído para ser uma plataforma para troca descentralizada (DEX). O token nativo dessa blockchain – Binance Coin (BNB) – já ocupa o quarto lugar na lista das maiores criptomoedas por capitalização de mercado, com quase US $ 53 bilhões, segundo o MarketCap.
Zhao é conhecido pelas controvérsias, processando a Forbes e dois jornalistas por uma matéria questionando a independência do Binance.
Brad Garlinghouse, CEO do Ripple
Apesar da criptomoeda Ripple ser rejeitada nas principais bolsas dos EUA e perder alguns grandes clientes como o MoneyGram, seu desempenho chama atenção. Seu CEO, Brad Garlinghouse, disse que a empresa assinou com 15 novos clientes para sua rede de pagamentos internacionais focada em bancos em 2021.
De fato, este pode ser o ano decisivo para o Ripple, e toda a indústria de criptografia está envolvida no jogo. A Ripple está lutando para continuar operando após uma ação movida pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA em dezembro do ano passado.
A agência de execução declarou a criptomoeda do Ripple, o XRP, é um “título não registrado”, sendo vendida ilegalmente pela empresa há sete anos. A agência quer a devolução dos US $ 1,38 bilhão que Ripple ganhou com as vendas de XRP nesse período. Também exigiu que o presidente executivo da Garlinghouse e da Ripple, Chris Larsen, abra mão dos US $ 600 milhões que ganhou com as vendas de XRP.
Isso fez com que a maioria das principais bolsas dos EUA – e o MoneyGram – suspendessem a negociação do XRP, fazendo com que a então terceira maior criptomoeda em valor de capitalização de mercado despencasse. Recuperando-se aos poucos, o XRP atualmente é o nº 7, com 39 bilhões de capitalização segundo o MarketCap.
O resultado do julgamento deve definir o que é e o que não é um título, e é por isso que Garlinghouse diz que a empresa está lutando e, nome de todo o setor. Aparentemente, um acordo com o governo parece a solução mais plausível. Segundo Garlinghouse todo esse processo não impactou tanto no negócio principal da Ripple, que permite aos bancos movimentarem fundos de forma rápida e barata, já que a maioria de seus clientes está fora dos EUA.
Brian Armstrong, CEO da Coinbase
A exchange Coinbase está prestes a se tornar a primeira empresa de criptografia pura a abrir o capital – com uma listagem direta em vez de um IPO – que pode avaliar a empresa em US$ 100 bilhões.
O ex-conselheiro geral da exchange, Brian Brooks, foi para Washington e trouxe mudanças regulatórias extremamente importantes, incluindo permitir que os bancos custodiassem e fizessem pagamentos com stablecoins – as moedas digitais atreladas ao dólar.
A Coinbase é uma empresa intermedia trocas de criptomoedas Ela funciona como uma wallet, ou carteira digital, que dá acesso 18 criptomoedas diferentes, contando com as mais populares, como Bitcoin, Ethereum e Litecoin. Sua base de clientes passa de 30 milhões de pessoas em todo o mundo, mas ainda não está regulamentada no Brasil.
Dan Schulman, CEO do PayPal
Um novato no meio critpo, Dan Schulman confrontou banqueiros e reguladores no Fórum Econômico Mundial em 2019, quando declarou que a criptografia era mais um “mecanismo de recompensa” do que uma moeda. Deixou claoro na ocasião que não havia muito “apetite” entre os varejistas para aceitar ativos digitais.
Dois anos depois, Schulman se rendeu e presidiu o lançamento de um serviço de criptografia do PayPal nos EUA. Com isso, mais de 29 milhões de comerciantes terão a chance de aceitar pagamentos feitos em bitcoin, ether, litecoin e bitcoin como se fosse dinheiro corrente.
A empresa já está comprando mais bitcoins do que podem ser minerados. Seu discurso agora é que a criptografia se tornará uma parte central do negócio, conforme os consumidores vão abandonando o papel-moeda.
Embora o PayPal ainda esteja dando os primeiros passos na sua jornada criptográfica, Schulman deve ser observado porque deixou claro que a gigante do comércio eletrônico tem “um extenso mapeamento de criptografia, blockchain e moedas digitais” – e a empresa está investindo pesadamente nisso.
Mike Novogratz, fundador, presidente e CEO da Galaxy Digital
Mike Novogratz fez fortuna pelo menos três vezes e perdeu grande parte de duas delas. Como sócio da Goldman Sachs na década de 1990 e diretor de informática do Fundo Macro do Fortress Investment Group na década de 2000, cada um dos respectivos IPOs dessas empresas lhe rendeu uma fortuna.
Em 2017, Novogratz fundou a Galaxy Digital, que se autodenomina “a ponte entre o mundo criptográfico e o institucional”. Os negócios da Galaxy Digital incluem compa e venda, gestão de ativos, investimento principal e serviços de consultoria.
Um forte defensor da ideia de que o bitcoin é um ativo para as instituições, o Galaxy Digital da Novogratz relatou que gere US $ 1,2 bilhão em ativos digitais. Recentemente, Novogratz previu que o bitcoin chegará a US$ 100.000, apostou na derrocada do Dogecoin e lançou um fundo Ethereum.
Senadora Cynthia Lummis (R-Wyo.)
A senadora Cynthia Lummis, uma republicana do Wyoming, pode não ser muito conhecida fora do ambiente político dos Estados Unidos, mas ela está envolvida em ações que já estão mudando a percepção do Senado norte-americano sobre a criptografia.
Ela já revelou que é proprietária de longa data de Bitcoins e sogra de Will Cole, do Unchained Capital. Fã declarada da criptografia, a senadora promover no Congresso em Washington debates sobre as mudanças que os ativos digitais podem trazer pra economia. Também é defensora da necessidade de uma forte clareza regulatória.
Em fevereiro, anunciou a formação de um Comitê de Inovação Financeira para educar os senadores e suas equipes sobre o criptomoedas, bem como as inovações financeiras geradas pelas criptomoedas e a tecnologia de blockchain. Ela também tratou desse assunto diretamente com Janet Yellen, a secretária do Tesouro. Como bem sabemos, mudanças na percepção das criptomoedas no governo americano teriam enorme influência sobre a maioria dos países do ocidente.
Barry Silbert, fundador e CEO do Digital Currency Group
Talvez você questione o poder de influência no setor de criptografia de alguns desta lista, não menospreze a força de Barry Silbert. Ele é o homem responsável pelo Digital Currency Group (DCG), uma empresa que compra bitcoin mais rápido do que pode ser minerado.
Há registros que 28.943 BTC foram produzidos em janeiro e o Grayscale Bitcoin Trust (GBTC) comando por Sibert comprou 41.430. Tudo isso contribuirá para o chamado squeeze (aperto) na oferta de Bitcoin, o que contribui para a eleção dos preços. Estima-se que a gestora responsável pela atração de investidores institucionais para o criptomercado possua atualmente 3% de todos os bitcoins disponíveis no mundo.
A DCG entrou no negócio de mineração de criptomoedas no ano passado com a Foundry e adquiriu a excahnge Luno. Também administra a Genesis, uma corretora de moeda digital, e o conhecido site de notícias sobre a indústria de criptografia CoinDesk. Além disso, a DCG é uma grande empresa de capital de risco, tendo apoiado 175 empresas relacionadas a blockchain, incluindo Circle, Elliptic, Kraken, Ripple e Zcash.
Não foi um ano perfeito, entretanto o DCG abocanhou US$ 250 milhões em ações do Bitcoin Trust, quando começou a negociar com um desconto de 13% sobre o valor do BTC de sua propriedade (embora seu prêmio tenha chegado a 40%). No GBTC, Barry Silbert, foi substituído por Michael Sonnenshein após o melhor ano em captação da história da gestora. Sonnenshein foi diretor-gerente da empresa pelos últimos três anos, mas a mudnaça não diminuiu a força do seu fundador.
Menção honrosa: Elon Musk, CEO, Tesla & SpaceX
Embora não esteja entre os 10 primeiros na lista original, não há como deixar de fora uma das pessoas mais ricas do mundo e que mexe com tanta frequência no preço de criptomoedas a partir de aparições na televisão ou simples tuítes.
Claro, estamos falando do fabricante de carros elétricos Tesla e idealizador da empresa de foguete SpaceX, Elon Musk. Ele tem 56,8 milhões de seguidores no Twitter, e consegue enfurecer os investidores em criptomoedas, causando-lhe grande prejuízos e, com menor frequência, grandes lucros.
Nos últimos meses ele influenciou a criptografia de maneira muito direta, anunciando em fevereiro que a Tesla estava comprando US$ 1,5 bilhão em BTC para, cerca de 90 dias depois, anunciar que não iria mais aceitar a criptomoeda como pagamento de seus carros.
Nesse mesmo período, decidiu defender uma criptomoeda originada de um meme – Dogecoin – fazendo com que ela se tornesse uma sensação no mercado e subisse drasticamenteo na capitalização de mercado com alguns tweets. Também teve uma criptomoeda criada para impedi-lo de mexer no mercado cripto, adequadamente chamada de StopElon e, por fim, atraiu a ira do coletivo hacker Anonymous por “manipular o preço do bitcoin”.