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O jornal USA Today publicou em seu caderno de economia esta semana uma avaliação das consequências da  recente série de violentas oscilações no preço do bitcoin. Quando a criptomoeda líder chegou a menos de US $ 30.000, no início da semana, praticamente eliminou os ganhos em 2021. Hoje (23) dá mostras de recuperação sendo negociado a US $ 33.109,93, de acordo com o CoinGecko, um site de dados de mercado criptográfico.

Na avaliação do jornal, a marca triste do ano é quando o bitcoin bateu US$ 29.154,73, o menor preço do ano, perdendo mais da metade de seu valor desde que atingiu a máxima histórica em 13 de abril, quando valia US$ 63.729,50, de acordo com o Coin Metrics. Para quem pensa no longo prazo, apesar das quedas recentes, o bitcoin subiu mais de 200% nos últimos 12 meses.

Foi justamente a amostragem do ano passado que remeteu muitos analistas a indicarem um quadro muito positivo para 2021, com alta possibilidade de lucro. Para os investidores mais novos, pode parecer uma decepção, considerando o desempenho do ativo em 2020, quando cresceu mais de 300%. Em uma comparação rápida, o ativo digital ainda demonstra ser um bom investimento, pois segundo  o relatório da XP Investimentos deste mês, o BTC ocupa o 4º lugar entre os instrumentos de investimento que mais geraram retorno financeiro em 2021, tendo um desempenho de 28,73% no ano. Ele só ficou atrás dos índices Crude Oil WTI (37,15%), Crude Oil Prices: Brent – Europe (35,42%) e do Copper – COMEX (33,02%) – todos do mercado de commodities de energia ou metais preciosos.

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Outros criptomoedas também andam em baixa, diminuindo consideravelmente a expectativa de bons lucros no primeiro semestre para seus investidores. O ethereum, a segunda maior moeda digital em valor de mercado, também caiu, mas ainda oferece vantagens em relação ao bitcoin. Em 1 de janeiro cada unidade custava US$ 774,530 , tendo atingido sua máxima histórica em 10 de maio, quando bateu em U$ 4.168,70. Desde então vem oscilando para baixo, perdendo mais de 50% do valor e hoje vale US$ 1.947,82. O balanço do semestre é um lucro de 250%.

A “sensação” de 2021 no meio cripto, o Dogecoin, após cera de oito anos praticamente estagnada, viu seu preço saltar de US$ 0,005685 em 1 de janeiro para US$ 0,7376 em 8 de maio, na sua máxima histórica, após a participação de Elon Musk no programa de TV Saturday Night Live, quando falou sobre a criptomoeda para milhões de pessoas. Porém, desde então vem caindo e está valendo US$ 0,234705 na data em que esta matéria é escrita.

Não se deixe enganar pelos número à direita da vírgula, pois fazendo jus a todo o hype em volta dela, multiplicou seu preço mais de 40 vezes, apresentando um lucro de cerca de 4200% nos seis primeiros meses do ano. Os especialistas acreditam o interesse nela esfriou e que a criptomoeda de meme não irá se recuperar tão facilmente, mas é um dos maiores cases de sucesso do ano.

Questão de perspectiva

Na análise do USA Today, os investidores precisam estabelecer como querem olhar para seus ativos. O quadro pode ser de pessimismo, se considerarem que o bitcoin caiu mais de 50% em relação ao seu máximo histórico dois meses atrás em meados de abril. Com certeza, quem comprou na alta não está satisfeito.

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A Ethereum perdeu quase 57% desde seu maior recorde histórico em maio, enquanto a Dogecoin caiu mais de 70% desde que atingiu um preço recorde no mês passado, de acordo com a CoinGecko.

O que coloca uma expectativa redobrada para o segundo semestre. Desde sempre, os investidores em criptografia devem estar preparados para a alta volatilidade. Há diferentes analistas apostando em uma alta fantástica do bitcoin, após o período que chamam de ‘ajuste’, para ultrapassar os 100 mil dólares até 31 de dezembro.

Ao mesmo tempo, quem usa projeções históricas aponta que ela chegou agora na chamada “cruz de morte”, um padrão gráfico que sinaliza o potencial para uma grande liquidação. Para afirmarem isso, lembram que o preço médio do bitcoin nos últimos 50 dias caiu abaixo de sua média móvel de 200 dias.

Agora, uma análise fria dos gráficos nos últimos 12 meses comprovam que criptomoedas tiveram um rendimento muito acima da média. O pessimismo de alguns analistas é que preocupa uma visão mais otimista do próximo semestre.

Há quem acredite que a liquidação de maio em bitcoin enfraqueceu a demanda institucional, o que deve manter os preços sob pressão no curto prazo. “Não há dúvida de que a dinâmica de expansão e queda das últimas semanas representa um revés para a adoção institucional de mercados de criptografia e, em particular, de Bitcoin e Ethereum”, disse o estrategista Nikolaos Panigirtzoglou do JPMorgan em um relatório no início do mês.

Por outro lado, alguns estrategistas estão apontando o recente declínio do bitcoin como uma oportunidade de compra. Na segunda-feira (21), a MicroStrategy, empresa de software empresarial, disse que adquiriu um valor adicional de US$ 489 milhões em bitcoins, elevando sua participação total para 105.085 bitcoins.

Retomando o argumento do US Today, que é a repetição de um pensamento recorrente no mercado de criptografia: os investidores de primeira viagem devem agir com cautela. Colocar todas as suas economias em algo tão volátil quanto criptomoedas pode ser um grande risco, dizem os especialistas. Gestores de grandes fundos e especialistas em finanças há muito tempo são céticos que é uma boa opção para iniciantes apostar nesses investimentos especulativos, devido às suas oscilações extremas.

Vale lembrar que, em 2013, o bitcoin começou a ser negociado em torno de US $ 13 e atingiu mais de US $ 1.000 em dezembro. No final de 2017, o token digital subiu para quase US $ 20.000, antes de cair para cerca de US $ 3.000 no ano seguinte. Quem segurou o que tinha, testemunhou um aumento vertiginoso para mais de US $ 64.000 em abril de 2021.

O que incomoda muitos analistas é a possibilidade e estarmos em uma “bolha especulativa”. Numa pesquisa realizada no início do ano, o Bank of America identificou que 74% dos entrevistados expressavam desconfiança no Bitcoin. Um novo relatório sobre o tema, de junho, mostrou um aumento, com 81% deles acreditando que o bitcoin está em “uma bolha especulativa”.

“Embora não haja garantia de que o Bitcoin se recuperará desta vez, aqueles que acreditam em seu futuro de longo prazo podem muito bem ver esse declínio como uma oportunidade de investir mais”, disse James Royal, analista do Bankrate.com. “Todo mundo que negocia criptomoeda, especialmente os indivíduos, precisam conhecer os riscos em potencial”, acrescentou Royal. “Em alguns casos, esses riscos podem resultar na perda total do investimento”.