Durante a pandemia, muito se falou da crise de produção e falta de semicondutores no mercado de informática. Com isso, gamers viram as placas de vídeo (GPUs) subirem muito de preço e ficarem escassas, com algumas literalmente se esgotando nas lojas logo após o lançamento.

Alguns analistas apontavam para o aumento de consumo do hardware pelos mineradores de criptomoedas, entusiasmados com o aumento dos preços dos tokens este ano.

Agora, um novo estudo de mercado da JPR indica que cerca de 700 mil placas gráficas de fato foram para as mãos dos mineradores somente no primeiro trimestre de 2021. O custo estimado foi de 500 milhões de dólares.

Trata-se de cerca de 25% de todas as placas gráficas enviadas para o mercado entre janeiro e março. Uma análise do fluxo de venda indica que, apesar de a grande maioria das placas ter ido para sistemas de mineração ‘profissionais’, muitos consumidores caseiros apostaram na tendência.

Entretanto, não é possível responsabilizar apenas a mineração pela subida no preço das placas gráficas. O aumento generalizado da procura por tecnologia, e consequente escassez de componentes essenciais também teve um papel crítico. Com a necessidade de fazer trabalho do tipo home office, muita gente trocou de computador ou optou por novas unidades

Agora, o aumento de preço é resultado da velha máxima na economia de oferta e demanda. Com mais gente querendo as placas, o mercado de usados também viu um crescimento exponencial. Também colaborou para a inflação das peças as novas tarifas impostas na China.

Estima-se que o mercado, que continua sobre demandado, continuará vendo altas. Por exemplo,  a memória GDDR6 deve aumentar cerca de 10~15% em 2021.

Há esforços de fabricantes, como a NVIDIA, que além de lançar uma linha de placas focada na mineração e que não competiria com a linha gamer, também limitou a performance de novos produtos para a prática. Sua maior concorrente, a AMD não quer mexer na performance das placas, por acreditar que os consumidores podem e fazer o que bem quiserem com elas.

Máquinas de fazer dinheiro

O sistema de mineração se beneficia da performance das placas de vídeo com alta capacidade e processamento para obter melhores taxas de hash, o algoritmo das criptomoedas que converte informações em uma sequência numérica hexadecimal de tamanho fixo.

Os mineradores montam seus rigs para a mineração de Bitcoins, Ethereum e outras criptomoedas em casa, conectando um computador a uma série de placas em série, nos chamados rigs. Assim, convertem sua  alta capacidade de processamento em verdadeiras máquinas de fazer dinheiro.

O site Tech ARP analisou as imagens de um sistema de mineração de Ethereum), localizado em Las Vegas, que utiliza 78 unidades de placas gráficas RTX 3080 da Nvidia. Segundo estimativa do site, seu proprietário, Simon Byrne, conseguirá minerar cerca de US$ 128 mil por ano (R$ 640 mil).

Para montar algo assim no Brasil, onde a RTX 3080 custa perto de R$ 7,5 mil, o custo total seria de R$ 585 mil. Por aqui, o rig daria um rendimento líquido (descontado o valor da compra das placas) de R$ 55 mil no primeiro ano, caso operasse no mesmo benchmark de minerador americano. Claro, depois do primeiro ano, dependendo do preço das criptomoedas e de sua conta de luz, o lucro pode subir exponencialmente.