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Nas últimas semanas, duas criptomoedas “derreteram” e assustaram o mercado. Elas ilustram bem a necessidade de quem investe em criptografia estar bem informado e manter as leituras sobre o tema em dia, além de contar com uma boa dose de intuição quando é a hora certa de vender.

Em 16 de junho, o SUN perdeu 99% do seu preço da noite pro dia. Num dia valia US$ 28,00 e no outro, apenas US$ 0,029. Muitos ativos digitais vivem uma montanha-russa de preços desde que são lançados, mas no caso do SUN foi uma surpresa por ela ser criação de Justin Sun, responsável pela rede P2P e token BitTorrent, além da criptomoeda TRON.

O BitTorrent tem valor de mercado avaliado em US$ 2,7 bilhões e a TRON em US$ 6,5 bi. São valores consideráveis em um mercado tão competitivo. Em comparação, agora o SUN vale apenas US $1,709 milhão.

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Criada em 2020, o SUN é um  tokens TRC-20 focado em soluções DeFi, que roda na rede Tron, plataforma concorrente do Ethereum. Em sua alta máxima, na primeira semana de abril, chegou a valer US$ 54,00 e no momento em que esta matéria é escrita teve uma leve recuperação, sendo vendido a US$ 0,08601.

Quem olha apenas os números e não está bem informado acredita que a criptomoeda simplesmente “evaporou” como tantas outras. Contudo, é preciso entender que a SUN havia anunciado um split  de 1:1000. Prática comum no mercado de ações, cada moeda digital foi dividida em 1.000 novas moedas.

Em seu site e nas redes sociais da SUN havia o anúncio que a moeda estava sendo “revisada”, substituída pela “nova SUN”, onde os antigos tokens foram renomeados e trocados pelos novos tokens SUN, na proporção de 1: 1000. Assim, a decisão aparentemente foi tentar transformar a moeda em algo mais “atraente”, pois seu preço na fração de dólar dá ao investidor a sensação de possuir milhares ou até milhões de moedas.

A alta das criptomoedas de meme provam que muita gente tem esse interesse, apostando, talvez numa repetição do sucesso do bitcoin cujo preço já foi insignificante. A SUN tomou uma decisão estratégica, que não prejudicou seus holders. Afinal, cada um continua com a mesma porcentagem do estoque total, multiplicando por 1000x o “número” de tokens. Em resumo, não perderam nada, pois o SUN não derreteu, apenas foi reconfigurada por um novo fracionamento.

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Já o caso da IRON Titanium Token (TITAN) é bem diferente. Em 16 de junho ela desabou de US$ 60 por unidade para quase US $ 0 em questão de poucas horas. De acordo com os relatórios, a liquidação do token ocorreu quando um grupo de baleias (grandes investidores), que detinham a maioria parte do TITAN decidiram se desfazer dela, o que derrubou o preço de maneira muito rápida.

O token pertence à Iron Finance, que administra o projeto IRON Stablecoin e deveria não enfrentar uma grande volatilidade nos preços. Ela roda na Iron Titanium, dentro da plataforma da Polygon.

Atualmente, cada TITAN está avaliado em US$ 0,000000126563, sofrendo uma queda de 100% nos últimos 7 dias, de acordo com a CoinGecko. Em comparação, ela chegou a valer US$ 64,04 na sua máxima histórica, no dia 16 de junho, às 2 da manhã, no horário de Washington..

No sistema da IRON Titanium, quando novos stablecoins são cunhados, a demanda por TITAN aumenta, o que eleva seu preço. No entanto, quando o preço do TITAN atingiu a máxima histórica, muitos investidores com grandes quantidades começaram a vender, talvez por considerar que o lucro já era suficiente. A debandada foi fatal.

Susannah Streeter, analista sênior de investimentos e mercados da Hargreaves Lansdown, explica que “Os arranjos complexos sobre como este projeto de finanças descentralizadas funciona significou que uma pequena oscilação inicial no preço do TITAN levou ao crash. “É irônico que houve um Rug Pull tenha do TITAN de uma forma tão dramática, visto que é um tipo de stablecoin. Esse tipo de criptomoeda têm limita a volatilidade dos preços, já que estão atreladas a uma moeda ou commodity tradicional.”

No mercado de DeFi, o rug pull, literalmente “puxada de tapete” não é algo tão incomum. Ocorre quando os  desenvolvedores de projetos novos ficam sem liquidez nas pools de negociação em corretoras descentralizadas. Nesses casos, apesar de ter-se a posse de uma moeda, não há como negociá-la no mercado. Isso já fez muitos projetos DeFi chegarem ao fim, o que ainda não foi o caso do TITAN.

Na opinião de Zak Killerman, especialista em criptografia do  site Finder.com, a brusca queda de preços “foi uma oportunidade sendo aproveitada por grandes investidores (baleias)”. Ele acrescentou que esse tipo de situação não poderia acontecer com bitcoin, ethereum, ou mesmo dogecoin, porque são sistemas diferentes. Mas o fato de a imensa maioria dos tokens estar nas mãos de uns poucos investidores fortes (baleias) já é um sinal que algo não estava certo, faltava uma base de usuários para garantir o sucesso do projeto.

“Um aviso quando se trata de DeFi (finanças descentralizadas) é estar preparado para perder tudo. As DeFi ainda são uma mistura experimental de economia, criptografia e ciência da computação”, acredita Killerman.

Curiosamente, uma das grandes “vítimas” da TITAN foi o bilionário Mark Cuban, dono da equipe de basquete Dallas Mavericks, e presidente da HDNet. Ele é um entusiasta das criptomoedas e se defendeu nas redes sociais, após ser acusado de provocar o rug pull da TITAN. “Fui atingido como todo mundo”, afirmou, embora tenha deixado claro que não investe mais na moeda.