A Argentina vive um caos inflacionário, consequência das decisões de um governo que flerta com o socialismo. Uma das decisões polêmicas do presidente Alberto Fernández são os subsídios energéticos aos consumidores. A quedo do preço na energia elétrica tornou a mineração uma atividade extremamente lucrativa.

Com inflação de quase 20% nos últimos 4 meses, devendo chegar a aproximadamente 50% até o fim de 2021, a Argentina lida com várias dificuldades econômicas. Em meio ao cenário de desvalorização do peso argentino, o bitcoin se torna uma boa alternativa para depositar valor e se proteger das decisões governamentais.

Historicamente, os argentinos sempre tiveram a opção de depositar suas poupanças em dólares. Contudo, o governo de Fernández estabeleceu um limite máximo mensal de 200 dólares, além do pagamento de taxas por essa transação. Isso acabou popularizando a adoção do bitcoin pelos argentinos.

Consequentemente, a mineração cresceu exponencialmente em território argentino, principalmente pela eletricidade barata. Para termos de comparação, apenas em agosto de 2020, a Argentina injetou 47,6 bilhões de pesos para subsídios no setor de energia, isto equivale a 506,4 milhões de dólares. Em 2014 quando a atual vice Cristina Kirchner presidia a nação, os subsídios representaram um gasto de 3% do PIB. Sob a gestão de Maurício Macri, seu sucessor, os subsídios à energia caíram para 1% do PIB.

A volta do modelo peronista de governo fez com que a Argentina tenha a energia mais barata da América Latina, custando em média metade do preço pago no Brasil. Isso a transformou num paraíso para os mineradores de bitcoin. A estatal YPF Luz divulgou que o custo de geração de energia durante o primeiro semestre de 2020 foi de US58/MWh em média, mas os consumidores só pagaram US$26,6/MWh.

Empresas de mineração internacionais estão apostando que a Argentina lhes dará oportunidade de maximizar seus lucros. Analistas acreditam que o custo-benefício da eletricidade deve atrair mineradores de países vizinhos, como Brasil, Colômbia e Chile

Maior mineradora da América Latina

A Bitfarms Ltd. do Canadá, anunciou já assinou um acordo para acessar diretamente uma usina de energia local para extrair até 210 megawatts de eletricidade movida a gás natural. Isso a torna a maior instalação de mineração de Bitcoin na América Latina, operando 55 mil máquinas.

O presidente da Bitfarms, Geoffrey Morphy comemora: “Estávamos procurando lugares que superestimaram seus sistemas de geração elétrica. A atividade econômica na Argentina está baixa e a energia não está sendo totalmente utilizada. Portanto, era uma situação ganha-ganha”.

Caso a negociação se confirme, o preço de US$ 0,02 por quilowatt-hora que a Bitfarms deve pagar pela eletricidade, ficará muito abaixo da tarifa do mercado atacadista de cerca de US $ 0,06 por quilowatt-hora para consumidores industriais não conectados à rede local.

Até agora, a única ação do governo pra tentar intimidar os mineradores caseiros foi o Banco Central da Argentina intimar as instituições financeiras do país para fornecer informações sobre clientes que negociam criptografia. Paralelo a isso, Receita da Argentina (AFIP) passou a cobrar exchanges e empresas que lidam com criptomoedas para que informem mensalmente todas as suas operações com bitcoin e outras criptomoedas.