Um dos principais arquitetos do yuan digital – criptografia que será lançada pelo governo da China – discutiu a possibilidade de as moedas digitais de banco central (CBDCs) possam operar em redes como a Ethereum (ETH) ou a plataforma de blockchain Diem (antes chamada de Libra) como parte de um sistema operacional de duas camadas.
Os comentários são de Yao Qian, chefe do departamento de supervisão de tecnologia da Comissão Reguladora de Valores da China (CSRC), e ex-chefe do departamento de moeda digital do Banco Central do Povo da China (PBoC). Suas observações foram feitas no último final de semana, durante o 2021 International Finance Forum.
“Imagine se o dólar digital e o yuan digital operassem diretamente em redes blockchain como Ethereum e Diem. O banco central poderia, dessa maneira, fornecer diretamente a moeda digital do banco central aos usuários sem o uso de intermediários”, pontuou. Há um entendimento que o lançamento de moedas digitais controladas por governos causará uma mudança em todo o ecossistema da criptografia que conhecemos.
Analisando questões relacionadas à arquitetura operacional que podem afetar os CBDCs, incluindo o yuan digital, destacou que cada vez mais os países estão sendo atraídos para modelos de duas camadas para rodar suas moedas digitais. Como o yuan digital também é de duas camadas, significa que poderia funcionar da mesma maneira.
Os modelos de CBDC de duas camadas dependem de um órgão emissor (um banco central) distribuindo tokens aos bancos comerciais, que atuam como intermediários. Os comentários de Yao, no entanto, parecem indicar que ele acredita que os bancos centrais poderiam procurar usar dois modelos de emissão: uma solução que usa intermediários e outra solução que dispensaria os bancos comerciais.
De forma resumida, Yao elencou sete aspectos a serem considerados ao pesquisar e desenvolver um CBDC: sua rota técnica, atributos de valor, arquitetura operacional, acumulação de juros, distribuição, implementação de contratos inteligentes e questões regulatórias.
O oficial chinês frisou que uma moeda digital não pode ser “uma simples simulação” de dinheiro físico, defendendo a criação de dinheiro inteligente, ideia por trás dos “smart contracts” presentes nas principais criptomoedas. Também chamou a atenção para as vulnerabilidades dos contratos inteligentes, alegando que essa tecnologia ainda “tem que amadurecer”.
Yao afirmou durante seu discurso que estava dando uma opinião pessoal e que não falava em nome do CSRC ou do PBoC. Apelidado de “Pai das Cripto” da China, tornou-se conhecido como uma das pessoas mais influentes na indústria de blockchain. Ele fazia parte da equipe original que começou a trabalhar no yuan digital, em 2014, mas deixou seu cargo no PBoC em 2019.