O Fundo Monetário Internacional (FMI) tem uma relação crítica com o mercado cripto há muito tempo, já tendo desaconselhado esse tipo de investimento. Também manifestou-se contrário a adoção do bitcoin como moeda por El Salvador.

Contudo, um novo relatório do órgão internacional publicado esta semana indica que ele está decidido a investir mais recursos para “monitorar, aconselhar e ajudar a administrar essa transição complexa e de longo alcance” para o dinheiro digital.

O FMI reconhece que o dinheiro digital pode tornar os pagamentos mais acessíveis, rápidos e baratos. Mas para que isso aconteça, seria preciso enfrentar seus principais desafios. Para isso, o Fundo irá “acompanhar os desafios políticos” olhando de maneira mais aprofundada os rumos da economia digital.

O documento é de abril e foi debatido internamente, sendo liberado para o público apenas no final de julho, mas ele traz informações importantes sobre um órgão que dita os rumos econômicos de muitas nações do mundo.

“O Fundo tem um papel crítico a desempenhar para ajudar seus membros a aproveitar os benefícios e gerenciar os riscos do dinheiro digital”, diz o relatório. Porém, o FMI insiste que o dinheiro digital “seja regulamentado, projetado e fornecido para que os países mantenham o controle sobre a política monetária, as condições financeiras, a abertura da conta de capital e os regimes de câmbio”.

O tema regulamentação é justamente onde surge o atrito com os mais antigos fundamentos dos criptoativos. Ainda assim, chama atenção que esse relatório da organização criada no pós-guerra com o objetivo de recuperar a economia internacional seja o mais detalhado até o momento.

Anteriormente, o FMI havia anunciado que criaria cinco grupos de especialistas para realizar pesquisas sobre o tema. Foram convidados incluirão advogados e economistas, além de especialistas em risco digital, em setor financeiro e em ciência de dados.

O artigo divulgado agora faz a distinção entre moedas digitais de banco central (CBDC), stablecoins e dinheiro eletrônico, nas quais inclui as criptomoedas. Ele é inconclusivo, sem determinar “qual forma pode predominar no futuro.” Em sua análise mais aprofundada, planeja trabalhar em parceria com instituições soberanas, como bancos centrais, reguladores e o Banco Mundial.

Por fim, aconselha “os governos a se preparar para fornecer esses serviços [de criptografia] e alavancar novas formas digitais de dinheiro, preservando a estabilidade, eficiência, igualdade e sustentabilidade ambiental”.

Curiosamente, em 2019, o jornal Financial Times reportou que o FMI estava trabalhando com o Banco Mundial em uma blockchain própria e teria, inclusive, gerado o protótipo de uma criptomoeda, embora nenhuma outra informação sobre esse projeto tenha sido divulgada desde então.